A MORTE EXPIATÓRIA DO SENHOR JESUS


Já vimos no nosso estudo anterior algumas linhas de pensamento (teológico), que apresentam a morte do Senhor Jesus como tendo sido acidental ou, na melhor das hipóteses, por martírio. Vimos que a esmagadora evidência bíblica aponta no sentido de que a Sua morte foi planeada, preanunciada e amplamente ensinada em todo o Antigo Testamento. A Lei e os Profetas apontavam para Ele, como aquele cuja vida seria derramada até a morte (Isaías 53: 12)
A expiação feita pelo Senhor Jesus foi evidenciada pela Sua completa obediência ao Deus Pai. Activamente, De um modo ativo, Ele obedeceu, cumprindo todas as exigências da lei. De um modo passivo, aceitou morrer, voluntariamente, na cruz (Filipenses 3:9).
Algumas teorias têm procurado explicar o verdadeiro significado da morte do Senhor Jesus, mas de forma não totalmente bíblica.
Ao longo dos séculos, várias têm sido as teorias apresentadas como aquelas que revelam o significado mais exato da morte do Senhor Jesus, na cruz do Calvário. Eis as mais importantes:

1. A teoria do resgate – esta teoria ensina que “quando o Senhor Jesus estava a morrer na cruz, Ele estava a homenagear o diabo, isto é, estava a pagar um preço de resgate a Satanás a fim de que, por ele, pudesse libertar os que estavam no cativeiro espiritual. Este ensino, porém, não encontra apoio nas Escrituras, visto que, Satanás não passa de um “usurpador”, sem quaisquer direitos reconhecidos da parte de Deus.
Embora os pecadores sejam, de facto, resgatados do poder e da opressão de Satanás, o preço do resgate não foi pago a ele.

2. A teoria da satisfação (ou comercial) – esta teoria foi sustentada por Anselmo, arcebispo de Cantuária (séc. XI). Ela consiste no seguinte: quando o Homem pecou, a honra de Deus (mas não a Sua justiça) foi ferida. Portanto, antes que homens e mulheres pudessem ser libertos, essa honra teve que ser vindicada. Contudo, eles não eram capazes de fazê-lo. Entretanto, Deus tinha duas opções: podia castigá-los ou podia perdoá-los. Contudo, Deus não pode perdoar até que a Sua honra seja satisfeita. Assim, ensinava Anselmo, o Senhor Jesus veio pagar tributo à honra de Deus. Ao morrer na cruz, Jesus fez mais do que era necessário, visto que, como alguém sem pecado, não precisava morrer. Por ter feito mais do era necessário (já que tinha obedecido toda a lei – Gálatas 4:4), foi compensado. Mas como o Filho de Deus não precisava de ser recompensado, pediu que o Pai “lhe desse um povo”. Assim, segundo essa teoria, a nossa salvação é uma obra “além do necessário” ou seja, uma espécie de obra extra que o Senhor Jesus fizera por nós. O problema é que essa teoria (de um modo falacioso, diga-se) não menciona a justiça de Deus. É a justiça e não a honra que levou Cristo à cruz.

3. A teoria da influência moral -  esta teoria, uma das mais populares no início do séc. XX, afirma que Deus tinha dificuldade em perdoar-nos. Não por falta de amor ou por incapacidade de perdoar; mas pelo facto de o ser humano não reconhecer isso, nem mesmo crer na sua falha moral. Portanto, o que aconteceu na cruz foi uma maravilhosa exibição do amor de Deus. Segundo essa teoria, a cruz mostra o que Deus faz para nós e não o que faz por nós e em nós. Para os defensores desse ponto de vista, a cruz não era uma questão de justiça; não tinha nada a ver com Deus, mas simplesmente com o Homem. Mais uma vez, a justiça de Deus é ignorada.

4. A teoria do exemplo – diz que a morte do Senhor Jesus não passa de um bom exemplo que Ele nos deixou, um exemplo de obediência à vontade de Deus. Portanto, cada crente deve segui-lo e obedecer a Deus, indo, se necessário, até à morte.

5. A teoria governamental – diz que a morte de Cristo não se deu por causa da justiça de Deus, visto que a lei não é absolutamente final. Ela era, apenas, um meio através do qual Deus preservaria o Seu governo moral e mostraria a maldade do pecado aos homens (Teoria defendida pelo Dr. Dale).

6. A teoria do arrependimento vicário – esta teoria diz que na cruz, Cristo estava a oferecer arrependimento a toda a humanidade, de um modo aleatório.

(bases: Verdades Essenciais da Fé Cristã de R.C.Sproul, Grandes Doutrinas Bíblicas de Dr. Martyn Lloyd-Jones, Teologia Sistemática de George Eldon Ladd, Teologia Sistemática de Wayne Gruden e Introdução à Teologia Sistemática de Millard J. Erickson).

Pastor Samuel Quimputo